sábado, 25 de julho de 2009

Amar-antes


Eu sou, na verdade, um grande medo
Medo de ir, de ficar, de não ser
De ser, eu nunca tive medo,
Tanto que fui, tanto que sou, coisas boas e más.

Sou medo de deixar, medo de esquecer
Medo de deixar-se esquecer
O extremo desejo de ser o poder
Um imenso porquê, uma vontade de não-ser

Às vezes me desfaço em música
Simples sinfonia a ser tocada
Às vezes vejo que sou somente empatia
Apenas anseio de ser levada

Eu fui conduzida, eu fui desdomesticada
Por pouco tempo, verdade seja dita
Eu sou, era sonho. E em sonho não há medo
Em sonho eu vôo, em sonho me desfaço.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Cuide-se bem

CUIDE-SE BEM (Guilherme Arantes)

Cuide-se bem!
Perigos há por toda a parte
E é bem delicado viver
De uma forma ou de outra
É uma arte, como tudo...

Cuide-se bem!
Tem mil surpresas
A espreita
Em cada esquina
Mal iluminada
Em cada rua estreita
Em cada rua estreita
Do mundo...

Prá nunca perder
Esse riso largo
E essa simpatia
Estampada no rosto...

Cuide-se bem!
Eu quero te ver com saúde
E sempre de bom humor
E de boa vontade
E de boa vontade
Com tudo...

Prá nunca perder
Esse riso largo
E essa simpatia
Estampada no rosto...

domingo, 14 de dezembro de 2008

...

Pois sempre falam, não se pode pensar nada que não já tenha sido pensado e eu começo a creditar que sim. Não começo bosta nenhuma!! Já sabia disso, ora pois... Levante a mão quem tem um pensamento inédito!!
Pra quê estou escrevendo isso?! Pois bem, depois de minha revolta com as reticências não deixou de ser engraçado ver um poema, de uma mocinha até bem famosa, que fala justamente sobre viver em reticências, em ser mulher e essas coisas que toda mulher pensa pra se entir especial ou mais poderosa enquanto ser faltante disputando um pouquinho da supremacia masculina. Chego então a uma pergunta: o que será da minha criatividade? Mas, logo vem alguns pensamentos lacanianos em minha cabecinha pensante nada original: o importante não é o discurso, o pensamento em si, mas o modo que é articulado e o colorido que lhe é dado. Sim, viver em reticências...Vai-se lá saber em um simples poema se isso para a autora é a mesma coisa que é pra mim?! Uma análise , por favor!
Lá vai o dito cujo:
Mulher abstrata - Ângela Bretas.
Sou quem sou, simplesmente mulher, não fujo, nem nego,
Corro risco, atropelo perigo, avanço sinal, ignoro avisos.
Procuro viver, sem medo, sem dor, com calor, aconchego,
Supro carências, rego desejos, desabrocho em risos...
Matéria cobiçada... na tez macia, no calor ardente.
Alma pura, envolta em completa fissura. Sem frescuras!
Encontro prazer na forma completa, repleta, latente.
Meretriz sem pudor,mulher no ponto, uva madura!
Sou quadro abstrato, me entrego no ato à paixão que aflora.
Sou enigma permanente, sem ponto final, sem continências,
Sou mulher tão somente, vivendo o momento, sorvendo as horas.
Sou pétala recolhida, sem forma, sem cor, completa em essência.
Exalo a esperança, transpiro vontades. Não me tenhas senhora.
Sou mulher insolúvel, nada volúvel. Vivo a vida em reticências...

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Ahhh quantas lágrimas eu tenho derramado!

Não, não sao lágrimas de tristeza! Tenho estado bem feliz embora esteja cansadíssima. A coisa é que essa semana está sendo de despedida de todas as coisas que ocupam meu precioso tempo e que gosto tantooo. Hoje acabou o estágio do hospital, quarta a monitoria, e teve adeus aos pacientes, ao estágio da clínica e agora só me falta do orientador...que eu tô protelando mais que tudo! Afinal, são cinco anos do mais puro envolvimento estudantil, não luta, nada de lutas e politicagens estudantis. E quem for a favor se resuma a seu cantinho que não pedi opinião de ninguém!
Nem quero avaliar agora a minha caminhada universitária, prefiro deixar isso para a análise. Mas que é uma coisinha estranha isso de sair não sei pra onde, é!! Mas hoje, necessariamante hoje, eu estou particulamente feliz. Ao acabar o estágio do hospital o coordenador me elogiou, falou que meu jeito observador e as colocações foram muito boas, que contribuiu muito e que foi um prazer... Porra como é bom vc ser reconhecido por você, sem ter que ficar babando, falando que faz e acontece, pedindo conselho ou ficando até depois de todo mundo p ver se tem um pouquinho de atenção. Adorooo fazer as coisas por mim...novidade nenhuma isso.
Mas agora vem tanta coisa, tantas possibilidades, tanta impossibilidades, enfim.. E eu nada de economizar nessas intermináveis reticências. Minha vida vem seguida de reticências, um horror! Todo mundo fala com um pequeno vício de linguagem e eu falo com pensativas reticências, às vezes nem tão pensativas assim. Muitas são além de reflexivas, prolixas, cansativas ou até mesmo burrinhas, tipo "peraí que não sei o que quero falar...peraí que eu não sei...". Viajei, viajei, voooltaa!
Em falar em viagem (e seguindo sem completar nenum pensamento - como de praxe) teve a tal prova de Salvador esse fds, e lá foi a idiota fazer... (insistentes reticências). Prova difícil do caracaa, meu irmão, sem comentários. Praia do Forte? Cheia, entupida de baiano. Baiano? Um povo que anda gritando, que fala com você querendo que aquela pessoa bonita que passa lá do outro lado da rua escute, que só anda em bandos, que fala as gírias mais estranhas do mundo e que na maioria das vezes se resume a playboys e patricinhas no sentido mais fútil da palavra (óbvio que isso só corresponde o típico baiano - aquele que corre atrás do trio e te chama de pai ou minha nêga). Pois é...estive na praia do forte cercada de baianos e o pior: todos vestidos da mesma cor!! Quase enlouqueço!!! Solução: bebe minha filha! Bebe muito, dança e pensa que amanhã vc não lembra nem da metade da festa! Fazer isso acompanhada de Renata é a coisa mais fácil do mundo...ô mulher que bebe!! Mas o melhor: entrei em cocó! Outra coisa sem comentários.
Cocós à parte... Tô feliz, tô chorando e rindo e assim, "a sorrir, eu pretendo levar a vida..."

domingo, 30 de novembro de 2008

E volta o cão arrependido...

Eis que reapareço, depois de um grande tempo divagando cá com meus botões, enlouquecendo tentando entender Lacan, fazendo as provas mais estranhas de toda Psicologia com base psicanalítica, conhecendo o Rio, acabando curso e os estágios e, por fim, me perguntando "por quê"?!
Posso faar, nessa singela madrugada de domingo, que estou entrando em surto. Tanta coisa pra estudar e eu não consigo nem chegar perto dos livros!! Meu tempo não está seguindo o tempo real, ou pelo menos o lógico. Depois dos livros esquizofrênicos que li pra fazer a prova de residência no Rio parece que tudo é uma grande farsa, sei lá! Tanta cosa louca, que tenho a impressão que a gente pode sair afirmando qualquer loucura por aí que se entende como Psicologia e, às vezes, até é usada como uma referência pra uma prova supeeer concorrida!
Mas vamos às coisas boas do Rio... Que lugar encantadoramente urbano-interiorano! Lugares lindo, vegetação exuberante, ruas limpinhas (entenda-se que eu estava na zona sul), e o melhor: as praças!! Nunca vi tanto velhinho, babás com crianças, cachorros e casais tudo em uma praça só. Enquanto nas praças a população nativa parece estar alheia a tudo que acontece (a todos aqueles turistas passando) nas praias as pessoas parecem estar ali pra observar e ser observado. Ao mesmo tempo que o carioca se diz super liberal ele age como velhas senhoras de interior. Se você sai pra uma festa, no dia seguinte te contam a noite de todo mundo (e obviamente sabem sobre a sua), mas se você fala algo ele diz: "que nada, nem se importe, deixe esse povo pra lá"!
Ahhh, no albergue que fiquei eu me senti um misto de nativa-gringa, pois era a única mulher brasileira hospedada lá! O lugar era muito bom, as pessoas eram animadas, as festas eram ótimas, mas um detalhe:só se falava inglês. Eu ia dormir e acordava ouvindo inglês, às vezes ouvia francês, hebraico, finlandês e algumas outras coisas não identificáveis pra mim. Me perguntava a toda hora: "por que cargas d'água eu não continuei meu inglês quando eu tinha doze anos?!". Era o que mais voltava à minha cabeça...
Além do choque cultural com toda essa galera diferente (de trocarem de roupa na frente de todo mundo, de ver você e simplesmente nem olhar, de estarem conversando e sair sem nem dar um tchau...) teve o problema da língua, só nessa hora percebi que meu espanhol não me serve pra quase nada e não se tem como fugir do inglês, que me fazia sentir cada vez mais ignorante.
Conversando (em espanhol) com os franceses, com os quais me dei muito bem, falei que estava me fomando em Psicologia e que tinha ido fazer uma prova e o que ouço: "Cómo eres Psicóloga e no sabes hablar otras lenguas que no portugués y español?". Prefiro nem comentar...
Ainda tem a questão da minha cor. Inventei de ir com um australiano, que também tava no albergue, na praia. Pra quê? Foi a sensação de Copacabana! A galera olhando com cara feia, as piriguetes olhando pro cara, o vendedores enjoando, o coitado com vergonha e eu querendo por tudo voltar logo pro albergue...Acabou na hora com meu futuro quase romance bunitinho. Só depois a menina da recepção diz que eu deveria ter ido pra Ipanema porque Copacabana dia de domingo é muita muvuca. Só depois eu fico sabendo que eu devo me esconder pra não ser mal vista! Ai meu Brasil...
Depois de uma semana das mais variadas cocós me volto a Aracaju. Estudar, monitorar, atender, monografar, estagiar, fazer trabalhos... Volto a me encontrar com Lacan e Freud, dessa vez com bem menos empolgação, apesar de bem mais interesse pela residência de Salvador, e pensando como seria bom ter dinheiro pra não precisar correr tanto contra o tempo e que o maior erro da minha vida foi não ter continuado e feito outros cursisnhos a mais. Enfim... devia ter corrido mai no passado, quem sabe estaria numa marcha mais lenta agora?!
E acabo a madrugada pensando que amanhã eu me concentro pra estudar (na correria) por não ter conseguido fazer quase nada hoje. Jeitinho brasileiro!

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Livro do desassossego



"Eu tenho uma espécie de dever,
Dever de sonhar
De sonhar sempre,
Pois sendo mais do que
Um espectador de mim mesmo,
Eu tenho que ter o melhor espetáculo que posso.
E assim me construo a ouro e sedas,
Em salas supostas, invento palco,
Cenário para viver o meu sonho
Entre luzes brandas
E músicas invisíveis"

Fernando Pessoa

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Eu não tenho saco


"Eu não tenho saco. Eu tenho assim essa lembrança de festa de aniversário de minha infância... Maravilhosas. Mas eu acho que hoje tudo é demais. Tudo é over. Você não pecisa chamar um palhaço, um mágico, um pula-pula, gastar cinco ou seis mil reais. Acho legal organizar as festas das crianças. Acho legal as crianças ficarem juntas. Acho legal essa coisa das crianças se encontrarem e tal. Mas, eu acho demais. É over, over demais." Esse depoimento foi dado em uma entrevista anônima, que Lúcia Castro pôs no livro Infância e adolescência na cultura de consumo (p. 180).

Mas, eu li o referido depoimento em uma citação introdutória em Psicanálise e Psiquiatria com crianças, de Oscar Cirino, e no meu costumeiro viajar enquanto leio (algo com ir relacionando uma leitura à outra ou ao meu cotidiano) não pude deixar de pensar em minha formatura. Falta tão pouquinho...mas a coisa nem é essa!

Na verdade comecei a me questionar: O que é essa tal formatura? Pra que serve os agradecimentos? Pra quê festa?... Eu, sinceramente, não gosto dessa posição de "já formado" que os farmandos se colocam e não me agrada, nem um pouco, a idéia de gastar o suado dinheirinho em uma festança pra society. E lá vai aquele velho questionamento sobre a sociedade de cosumo, o adoecer social, ao mal-estar na modernidade, laço social e o objeto de consumo (o tal gadget) subjugando ou formando o sujeito, a falta de gozo e lá vai... vai longe...

E lá vai?! Quem falava isso?? Ahh, aquela paciente....

Volta Miziane, volta!!!! Vamos lá, vamos começar novamente!

"Eu não tenho saco. Eu tenho assim essa lembrança..."