domingo, 30 de novembro de 2008

E volta o cão arrependido...

Eis que reapareço, depois de um grande tempo divagando cá com meus botões, enlouquecendo tentando entender Lacan, fazendo as provas mais estranhas de toda Psicologia com base psicanalítica, conhecendo o Rio, acabando curso e os estágios e, por fim, me perguntando "por quê"?!
Posso faar, nessa singela madrugada de domingo, que estou entrando em surto. Tanta coisa pra estudar e eu não consigo nem chegar perto dos livros!! Meu tempo não está seguindo o tempo real, ou pelo menos o lógico. Depois dos livros esquizofrênicos que li pra fazer a prova de residência no Rio parece que tudo é uma grande farsa, sei lá! Tanta cosa louca, que tenho a impressão que a gente pode sair afirmando qualquer loucura por aí que se entende como Psicologia e, às vezes, até é usada como uma referência pra uma prova supeeer concorrida!
Mas vamos às coisas boas do Rio... Que lugar encantadoramente urbano-interiorano! Lugares lindo, vegetação exuberante, ruas limpinhas (entenda-se que eu estava na zona sul), e o melhor: as praças!! Nunca vi tanto velhinho, babás com crianças, cachorros e casais tudo em uma praça só. Enquanto nas praças a população nativa parece estar alheia a tudo que acontece (a todos aqueles turistas passando) nas praias as pessoas parecem estar ali pra observar e ser observado. Ao mesmo tempo que o carioca se diz super liberal ele age como velhas senhoras de interior. Se você sai pra uma festa, no dia seguinte te contam a noite de todo mundo (e obviamente sabem sobre a sua), mas se você fala algo ele diz: "que nada, nem se importe, deixe esse povo pra lá"!
Ahhh, no albergue que fiquei eu me senti um misto de nativa-gringa, pois era a única mulher brasileira hospedada lá! O lugar era muito bom, as pessoas eram animadas, as festas eram ótimas, mas um detalhe:só se falava inglês. Eu ia dormir e acordava ouvindo inglês, às vezes ouvia francês, hebraico, finlandês e algumas outras coisas não identificáveis pra mim. Me perguntava a toda hora: "por que cargas d'água eu não continuei meu inglês quando eu tinha doze anos?!". Era o que mais voltava à minha cabeça...
Além do choque cultural com toda essa galera diferente (de trocarem de roupa na frente de todo mundo, de ver você e simplesmente nem olhar, de estarem conversando e sair sem nem dar um tchau...) teve o problema da língua, só nessa hora percebi que meu espanhol não me serve pra quase nada e não se tem como fugir do inglês, que me fazia sentir cada vez mais ignorante.
Conversando (em espanhol) com os franceses, com os quais me dei muito bem, falei que estava me fomando em Psicologia e que tinha ido fazer uma prova e o que ouço: "Cómo eres Psicóloga e no sabes hablar otras lenguas que no portugués y español?". Prefiro nem comentar...
Ainda tem a questão da minha cor. Inventei de ir com um australiano, que também tava no albergue, na praia. Pra quê? Foi a sensação de Copacabana! A galera olhando com cara feia, as piriguetes olhando pro cara, o vendedores enjoando, o coitado com vergonha e eu querendo por tudo voltar logo pro albergue...Acabou na hora com meu futuro quase romance bunitinho. Só depois a menina da recepção diz que eu deveria ter ido pra Ipanema porque Copacabana dia de domingo é muita muvuca. Só depois eu fico sabendo que eu devo me esconder pra não ser mal vista! Ai meu Brasil...
Depois de uma semana das mais variadas cocós me volto a Aracaju. Estudar, monitorar, atender, monografar, estagiar, fazer trabalhos... Volto a me encontrar com Lacan e Freud, dessa vez com bem menos empolgação, apesar de bem mais interesse pela residência de Salvador, e pensando como seria bom ter dinheiro pra não precisar correr tanto contra o tempo e que o maior erro da minha vida foi não ter continuado e feito outros cursisnhos a mais. Enfim... devia ter corrido mai no passado, quem sabe estaria numa marcha mais lenta agora?!
E acabo a madrugada pensando que amanhã eu me concentro pra estudar (na correria) por não ter conseguido fazer quase nada hoje. Jeitinho brasileiro!