segunda-feira, 28 de julho de 2008

Era voz de mulher

"Era a voz de uma mulher que se sente feliz por estar viva, que satisfaz seus caprichos, que é descuidada e carente, e que fará tudo para preservar o mínimo de liberdade que possui. Era a voz de uma doadora, de uma gastadora; seu apelo atingia o diafragma, mais do que o coração."
Henry Miller - Dias de paz em clichy, p.10

quarta-feira, 23 de julho de 2008

DESNUDOS


DESNUDOS


Por el mar vendrán

las flores del alba

(olas, olas llenas

de azucenas blancas),

el gallo alzará

su clarín de plata.


(¡Hoy! te diré yo

tocándote el alma)


¡O, bajo los pinos,

tu desnudez malva,

tus pies en la tierna

yerba con escarcha,

tus cabellos verdes

de estrellas mojadas!


(...Y tú me dirás

huyendo: Mañana)


Levantará el gallo

su clarín de llama,

y la aurora plena,

cantando entre granas,

prenderá sus fuegos

en las ramas blandas.


(¡Hoy! te diré yo

tocándote el alma)


¡O, en el sol nacido,

tus sienes doradas,

los ojos inmensos

de tu cara maga,

evitando azules

mis negras miradas!


(...Y tú me dirás

huyendo: Mañana)


Juan Ramón Jiménez

quinta-feira, 10 de julho de 2008

O invisível

"... O invisível é parte da realidade, ele é da ordem da Cidade, ou, para sermos mais espinosistas, da ordem da Natureza. Uma ecologia que pretendesse preservar o ar relativamente despoluído, isto é, invisível, deveria preocupar-se em manter arejado o invisível. Pois se o regime da visibilidade total é incapaz de substituir o invisível, ele é bem capaz de poluir.
O que experimentamos num nível mais imediato, apesar de todas as possibilidades alentadoras que as tecnologias inventam sem cessar, é justamente isso: uma espécie de poluição do invisível. Como diz Deleuze, estamos cercados por todos os lados de uma quantidade demente de palavras e imagens, e seria preciso formar vacúolos de silêncio para que algo merecesse ser dito; ou, por extensão, vacúolos de imagens para que algo merecesse enfim ser visto. Técnicas de despoluição do invisível, não num sentido asséptico de preservação, mas de possibilitação. Como quando Deleuze mesmo conta que não se desloca muito para não espantar os devires, não é assepsia, mas possibilitação"...


A NAU DO TEMPO-REI: 7 ENSAIOS SOBRE O TEMPO DA LOUCURA - PETER PÁL PELBART