quinta-feira, 10 de julho de 2008

O invisível

"... O invisível é parte da realidade, ele é da ordem da Cidade, ou, para sermos mais espinosistas, da ordem da Natureza. Uma ecologia que pretendesse preservar o ar relativamente despoluído, isto é, invisível, deveria preocupar-se em manter arejado o invisível. Pois se o regime da visibilidade total é incapaz de substituir o invisível, ele é bem capaz de poluir.
O que experimentamos num nível mais imediato, apesar de todas as possibilidades alentadoras que as tecnologias inventam sem cessar, é justamente isso: uma espécie de poluição do invisível. Como diz Deleuze, estamos cercados por todos os lados de uma quantidade demente de palavras e imagens, e seria preciso formar vacúolos de silêncio para que algo merecesse ser dito; ou, por extensão, vacúolos de imagens para que algo merecesse enfim ser visto. Técnicas de despoluição do invisível, não num sentido asséptico de preservação, mas de possibilitação. Como quando Deleuze mesmo conta que não se desloca muito para não espantar os devires, não é assepsia, mas possibilitação"...


A NAU DO TEMPO-REI: 7 ENSAIOS SOBRE O TEMPO DA LOUCURA - PETER PÁL PELBART

2 comentários:

Vi ॐ disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Vi ॐ disse...

Vamos procurar o invisível na Praia do Forte?