quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Eu não tenho saco


"Eu não tenho saco. Eu tenho assim essa lembrança de festa de aniversário de minha infância... Maravilhosas. Mas eu acho que hoje tudo é demais. Tudo é over. Você não pecisa chamar um palhaço, um mágico, um pula-pula, gastar cinco ou seis mil reais. Acho legal organizar as festas das crianças. Acho legal as crianças ficarem juntas. Acho legal essa coisa das crianças se encontrarem e tal. Mas, eu acho demais. É over, over demais." Esse depoimento foi dado em uma entrevista anônima, que Lúcia Castro pôs no livro Infância e adolescência na cultura de consumo (p. 180).

Mas, eu li o referido depoimento em uma citação introdutória em Psicanálise e Psiquiatria com crianças, de Oscar Cirino, e no meu costumeiro viajar enquanto leio (algo com ir relacionando uma leitura à outra ou ao meu cotidiano) não pude deixar de pensar em minha formatura. Falta tão pouquinho...mas a coisa nem é essa!

Na verdade comecei a me questionar: O que é essa tal formatura? Pra que serve os agradecimentos? Pra quê festa?... Eu, sinceramente, não gosto dessa posição de "já formado" que os farmandos se colocam e não me agrada, nem um pouco, a idéia de gastar o suado dinheirinho em uma festança pra society. E lá vai aquele velho questionamento sobre a sociedade de cosumo, o adoecer social, ao mal-estar na modernidade, laço social e o objeto de consumo (o tal gadget) subjugando ou formando o sujeito, a falta de gozo e lá vai... vai longe...

E lá vai?! Quem falava isso?? Ahh, aquela paciente....

Volta Miziane, volta!!!! Vamos lá, vamos começar novamente!

"Eu não tenho saco. Eu tenho assim essa lembrança..."



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