domingo, 14 de dezembro de 2008

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Pois sempre falam, não se pode pensar nada que não já tenha sido pensado e eu começo a creditar que sim. Não começo bosta nenhuma!! Já sabia disso, ora pois... Levante a mão quem tem um pensamento inédito!!
Pra quê estou escrevendo isso?! Pois bem, depois de minha revolta com as reticências não deixou de ser engraçado ver um poema, de uma mocinha até bem famosa, que fala justamente sobre viver em reticências, em ser mulher e essas coisas que toda mulher pensa pra se entir especial ou mais poderosa enquanto ser faltante disputando um pouquinho da supremacia masculina. Chego então a uma pergunta: o que será da minha criatividade? Mas, logo vem alguns pensamentos lacanianos em minha cabecinha pensante nada original: o importante não é o discurso, o pensamento em si, mas o modo que é articulado e o colorido que lhe é dado. Sim, viver em reticências...Vai-se lá saber em um simples poema se isso para a autora é a mesma coisa que é pra mim?! Uma análise , por favor!
Lá vai o dito cujo:
Mulher abstrata - Ângela Bretas.
Sou quem sou, simplesmente mulher, não fujo, nem nego,
Corro risco, atropelo perigo, avanço sinal, ignoro avisos.
Procuro viver, sem medo, sem dor, com calor, aconchego,
Supro carências, rego desejos, desabrocho em risos...
Matéria cobiçada... na tez macia, no calor ardente.
Alma pura, envolta em completa fissura. Sem frescuras!
Encontro prazer na forma completa, repleta, latente.
Meretriz sem pudor,mulher no ponto, uva madura!
Sou quadro abstrato, me entrego no ato à paixão que aflora.
Sou enigma permanente, sem ponto final, sem continências,
Sou mulher tão somente, vivendo o momento, sorvendo as horas.
Sou pétala recolhida, sem forma, sem cor, completa em essência.
Exalo a esperança, transpiro vontades. Não me tenhas senhora.
Sou mulher insolúvel, nada volúvel. Vivo a vida em reticências...

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